Hoje é o Dia Internacional da Mulher. Um dia que foi desenhado para ser uma tentativa de unificação em torno de um propósito universal, de um modelo que serviria de ideal para todas as mulheres. Ao revés da pretensão universal, inverto a lógica e decido escrever em poucas linhas a mulher dos sonhos a partir do olhar de um romântico menino, jovem aprisionado por uma paixão ardente, sem forma, presente como uma espécie de vácuo desejoso de ser preenchido. Um espaço vazio dolorido, cuja penitência era um mundo descolorido e bucólico.
O que pode, no ponto de vista de uma “criança” , ser descrito além do que seus olhos conseguem ver? Trata-se pois de uma história de amor de um homem pelo ideal de mulher. Essa é uma aspiração sagrada, porque de forma alguma é construída pela criança, mas nascida com ela, como um nutriente na mochila que Deus mandou junto para suportar as tormentas ao atravessar o portal da vida.
A paixão adolescente carrega uma riqueza inestimável, um desejo de entrega de alma, cujo corpo seria apenas uma manifestação secundária de um amor trascendental, materializado na pele macia e cheirosa, na voz doce e afável daquela mulher real que preencheria a busca incansável por uma amor desconhecido. O puro amor que nascera antes da junção carnal, carrega a inocência infantil de uma criança que tem na mãe a máxima expressão do amor à sua vida, uma aceitação incondicional, uma amor sem “ses”, perene e incircunstancial. A sensação da própria segurança total é substituída pela mulher que será sua protetora espiritual e protegida material. A dança simbiótica entre dois polos que se complementam em torno de um eixo de onde brota a coisa mais sagrada de toda a história humana: a renovação da vida.
A patir da criança a vida evolui e nossa missão se torna mais grossa. Os desafios requerem mais, mas aquela segurança quente, envolvente e acolhedora, cuja seiva nutre o corpo e a coragem diante da vida, torna-se uma avidez não realizada. Algo falta para a completude. Algo falta para se ter de volta a coragem. Falta uma âncora para o barco.
E a natureza ao mesmo tempo nos chama, como sedutoras ninfas vestidas de branco entre os troncos da floresta, como uma canto de sereia para o mergulho mais profundo no oceano de nossa inconsciência.
O espaço é então preenchido como magia. Embevecido em um sonho que mistura desejo e afago, surge de uma luz radiante a forma sagrada de uma deusa humana que encarna toda a aspiração adolescente. O barco não resiste, a luta é injusta, pois já é perdida antes do começo.
O barco, sem mais resistência, à deriva, flui lento e derrotado, a mercê do sopro cheiroso e delicado dessa deusa. O oceano rebelde se tornou um lago calmo de águas claras, com neblinas inebriantes, e seu velejador espalhado sem reação, totalmente entregue, arrastando seus pés sobre as águas. Vencido, perdido, nada mais importa, além do colo da nova senhora.
O anjo caido de asas tortas foi tocado por um anjo alvo que veio do céu. O toque de Deus reduziu seu coração ao choro, à confusão de uma transformação dura, aquela que transforma larvas em borboletas. Do solo árido brotou vida, regada a lágrimas confusas de alegria.
Enfim um sonho podia se tornar realidade. O sonho de entrar definitivamente no mundo, pela matéria e pelo espírito.
Conduzir essa deusa ao altar era um sonho. Era um sacramento. A presença de Deus está nela, mas não só nela. Nela e no jovem “criança”, quando se entregam ao chamado vocacionado por Deus.
A mulher dos sonhos é essa que preenche o vazio idealizado, essa que pode encarnar o amor platônico, mas que pode também se concretizar em gestos, em cheiros, em delicadeza, em beleza e movimentos, em vozes e em beijos. Aquela que pode concretizar a paixão destemida, a entrega em plena confiança, tal como um bebê amamentado pela mãe. Toda a confiança e toda a entrega. A manifestação da beleza física e da força do espírito em contraste da necessidade de acolhimento material e da força física protetora.
Aquela mulher com pele macia e cheiro de rosa, que perfumava meus sonhos e enchia meu coração de alegria e de um sentido divino é a minha história. E em cada canto encontraremos a repetição dessa história, em tempos diferentes e formas distintas. Essa é a história do amor verdadeiro que toda mulher pode encarnar.
A esperança de ser escolhido para ter as bênçãos divinas e ser parte do milagre de teu ventre fez com que uma vida de inverno se tornasse para sempre primavera. Obrigado por tua força, obrigado por ser esse doce suave em meio à aridez do passado solitário.
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Rosa foi uma música gravada criada por Pixinguinha, letrada por Octávio de Souza, que seria um mecânico.
Essa música fez parte do meu imaginário da mulher amada. Me lembro de deitar no escuro e escutar essa música, palavra a palavra, até que sentisse uma epifania reveladora de um amor que ainda viria a se realizar em algum lugar do futuro. As músicas nos constróem, assim como as palavras.